Muária descobre “herói” em Nhamatanda

Data: 27/11/2019
Muária descobre “herói” em Nhamatanda

HOJE com 83 anos de idade, Lapsone Chigueche, transformou-se num verdadeiro herói pelas suas obras no interior do posto administrativo de Metuchira, distrito de Nhamatanda, em Sofala. Alimenta a comunidade nas jornadas de preparação de campos agrícolas numa área de 60 hectares, fornece água potável no único fontanário da zona e ajuda o Governo na construção de salas de aula na base do material convencional.

Maputo, Terça-Feira, 8 de Maio de 2012:: Notícias

O ancião que trouxe até agora ao mundo dos vivos 50 filhos, 20 netos e 30 bisnetos, resultantes da união de facto com 11 mulheres, das quais uma descansa eternamente, também é único em todo o distrito de Nhamatanda com tanta terra e pratica a agricultura duas vezes por ano.

Enquanto se fala de bolsas de fome pela irregularidade de chuvas que fustigaram a época agrícola 2011/2012, o agricultor conta com celeiros altamente abarrotados de milho e a sua área de cultivo está completamente verde de milho. Tais feitos fazem dele, de facto, um verdadeiro herói vivo.

Trata-se de um marido, pai, avô, bisavô, tio, primo… que consegue alimentar, suportar as despesas escolares e repor a ordem e tranquilidade no seio daquela família alargada.

Só para ilustrar, Chigueche gasta diariamente 500,00 meticais só nas despesas de caril e mais de 500 quilogramas de farinha de milho por mês. Mesmo assim, afirma-se tranquilo e disse ter uma folgada conta bancária.

Para mais, está a preparar a sua floresta comunitária, no âmbito do cumprimento da decisão presidencial de “Um Líder, Uma Floresta” e “Um Aluno, Uma Planta”.

“Este é um verdadeiro herói vivo. Todos nós devemos aproveitar da sua experiência para impulsionar a nossa vida. Hoje, é muito raro encontrarmos pessoas na nossa sociedade como este vosso marido, pai, avô e bisavô, por isso, aproveitem-lhe ao máximo”- instou o Governador Carvalho Muária rodeado pela família alargada de Chigueche.

Falando na “aldeia” daquele ancião, depois de desistir da intenção de percorrer sua longa machamba, Muária ficou profundamente encantado como aquele “modus vivend”, tendo mesmo se lembrado da sua infância.

“Hoje, recordei da minha infância, pois sou descendente de uma família alargada formada por 59 irmãos que vivíamos no mesmo espaço com muitas palhotas, tal como vimos hoje ”- confessou mesmo o governador de Sofala já fora daquela aldeia familiar.

O governante que percorreu de celeiro em celeiro abarrotados de milho, ficou ainda informado que a zona não enfrenta problemas de fome pelo facto de a segurança alimentar estar garantida com a produção daquele agricultor.

“Isto é uma verdadeira empresa, a machamha também está limpa e estou satisfeito”- sublinhou Muária, chamando atenção a todos os jovens a seguirem aquele exemplo muito dignificante em qualquer sociedade.

Sustentou ainda que grandes empresas vão comprar os excedentes daquele camponês de sucesso e orientou as autoridades administrativas de Metuchira a concentrarem as crianças nos sábados e domingos em casa daquele agricultor para a aprenderem lições de empreendedorismo.

Com efeito, o governador de Sofala declarou aquele produtor como exemplo evidente na luta contra a pobreza, porque na base dos trabalhos emprega empregados sazonais, ajudando assim a comunidade na mitigação de segurança alimentar.

Dirigindo-se aos filhos, netos, bisnetos, noras, genros, entre outros membros da família Chigueche, Muária insistiu que “vocês têm agora uma grande responsabilidade, devendo juntar a experiência adquirida com outras técnicas aprendidas na escola, porque o vosso pai está a trabalhar muito e não há falta de comida”.

Por isso, concluiu, a responsabilidade ficou convosco em trabalhar a terra e aplicar as experiências adquiridas. Assim, o governador de Sofala manifestou o interesse desta experiência ser replicada no seio da comunidade para evitar que haja alguma “mão estendida”.

Localizado no interior do posto administrativo de Metuchira, concretamente no bairro Retuzo-B, aquele líder comunitário ainda se apresenta saudável: Lavra, sacha, dança, pula e corre e oferece a cada uma das suas esposas um “turno” de três noites por mês.

Exibindo uma invejável robustez física, rápido no pensamento e na acção, Chigueche é uma personalidade que atrai a atenção de tudo e todos. Este mérito faz com que seja uma figura bastante respeitada no seio daquela comunidade rural na sua “aldeia” com mais de 30 palhotas.

Os membros da comitiva de Muária mostraram-se igualmente estupefactos ao observarem celeiros abarrotados de milho, animais de pequena espécie, moagem, furos de água e o verde campo de milho da 2ª época onde os olhos se perdem na longa extensão da área.

Na verdade, custou muito abandonar a casa de Chigueche, porque, de facto, a tradicional cultura moçambicana de manifestar a alegria através da dança era forte com o grupo de bailarinos sendo composto por netos, bisnetos e trisnetos do ancião.